sexta-feira, julho 22, 2005

THANK YOU, MR. BUSH!

Louçã, Jerónimo, Carvalho da Silva, seus apóstolos, e todos quantos se obrigam ao exercício matinal, ainda antes do pequeno almoço, de zurzir na administração norte americana, na guerra do Iraque e no imperialismo dos EUA, devem hoje um agradecimento a W. Bush.
Uma vez que defendem medidas proteccionistas contra as importações chinesas e a deslocalização das indústrias trasformadoras, sob o argumento da concorrência desleal da china e restante mercado asiático, deveriam ser estes senhores os primeiros a registar o sucesso da pressão norte americana sobre a administração chinesa, forçando Pequim a ceder na sua política monetária e a permitir a apreciação do renminbi.
Um pequeníssimo passo eventualmente, esta apreciação de cerca de 2%. No entanto, é emblemática e muito promissora esta decisão, uma vez que deixa de indexar a moeda unicamente ao dólar americano, e passa a permitir a sua flutuação (ainda que limitada) face a um cabaz (não conhecido) de várias moedas.
Singapura já há muito que utiliza um método semelhante denominado BBC (basket, band and crawl) em que a moeda é indexada a um cabaz de moedas onde estão incluidas as moedas dos seus principais parceiros e concorrentes, e permite que a moeda flutue dentro de uma determinada banda definida políticamente, em vez de a sujeitar a flutuações bruscas. A adopção deste modelo deu à sua moeda flexibilidade de resposta a condições locais e globais de modo a manter a competitividade das suas exportações e a controlar a inflacção.
Muitos acreditam que a moeda chinesa continua subvalorizada entre 15-30%, no entanto este passo (aparentemente o primeiro de muitos), se acompanhado de alguma flexibilidade, permitirá a expansão do consumo das famílias chinesas (importante para a afirmação da China como mercado de troca de produtos, e não somente de produtor de baixo custo) e o desejado arrefecimento da explosão das exportações chinesas (crescimento de 30% ao ano).
Podem assim os três estarolas esboçar alguns festejos, mas por pouco tempo. A atitude proteccionista revelada perante as adversidades provocadas pela concorrência asiática, não promete apoio à profunda mudança que a economia portuguesa tem de empreender se quer ter viabilidade.
PS: Reagindo à alteração chinesa, a Malásia segue o mesmo rumo. As regras do jogo começam a ter contornos de alguma justiça. finalmente. Thank you, Mr. Bush!
-MB-