segunda-feira, maio 02, 2005

NOVOS HORÁRIOS, VELHOS PROBLEMAS

O Governo anuciou hoje, já pela segunda vez, que as escolas primárias (escolas do 1º ciclo em "eduquês") vão passar a ter horários maiores, o que significa que vão passar a fechar às 17h30. É claro que não há bela sem senão, e parece que, para já, só metade das escolas vão alargar os horários. No entanto, a verdade é que tem sido tão difícil mudar alguma coisa na Educação, que qualquer mudança é muito bem vinda.

Apesar de me parecer que a prioridade devia ser mudar coisas bem mais substanciais, como os programas ou os métodos de ensino, também não podemos fechar os olhos a outros problemas que tornam a Educação realmente desigual. Se defendemos, como eu defendo, que a igualdade de oportunidades é imprescindível para vivermos numa sociedade realmente livre, então não podemos continuar a conviver pacificamente com escolas degradadas, com alunos que esperam horas por uma camioneta que demora uma hora a chegar a casa, ou com escolas onde não há refeiçoes.

O que me intriga em toda esta discussão é que nunca ninguém fala no que as câmaras também podem fazer para alterar tudo isto. Quem melhor que uma câmara para saber que transportes, e a que horas, tornam mais fácil a deslocação dos alunos? Quem melhor que uma câmara para saber que escolas precisam mais de reparações ou de aquecimento? Não terá uma câmara mais facilidade em organizar um sistema de refeições escolares onde ele não exista, do que um Ministério da Educação que tem seu cargo milhares de escolas, funcionários e infindáveis departamentos, serviços e outras burocracias que tais?

É claro que as câmaras respondem a isto, quase invariavelmente, que "não há dinheiro". É verdade que não há muito, mas se estamos todos sempre a dizer que a Educação é uma prioridade, então é preciso fazer escolhas. Talvez seja melhor que haja dinheiro para isto, e que falte para outras coisas.

Nesta altura, em que se estão a discutir grandes alterações à lei eleitoral autárquica e a limitação de mandatos, também seria bom discutir estas coisas. Até porque, enquanto os eleitores não fizerem estas exigências às suas câmaras, podemos alterar as leis que quisermos, que nunca vamos estar satisfeitos com as autarquias que temos.

-CM-