OS DITÂMES DA ICAR - OU A TESE DO AVENTAL
Ou não!?
Meu Caro CAA: a relação com o sagrado, tal qual os Católicos Apostólicos Romanos a entendem, não se faz às escondidas, não é como "fumar uma broca" nas traseiras e ficar pedrado, a sós, com o êxtase. Se bem que na sua raíz está um profundo encontro intímo com um desafio que entendemos abraçar, o sentido religioso é vivido não na intermediação, mas na comunhão universal, entre Deus e os Homens. Isto é: a igreja.
Ou não!?
Caro CAA, não tenho agora tempo para porfiar de forma exaustiva (e sei que a sua bagagem cultural mo dispensa) nomes de Santas, Santos, Mártires e Beatos da Igreja Católica. Todos são, sem exepção, exemplos de manifestações no singular, as únicas aliás, mediadoras do acesso à santidade - o objectivo último que cada cristão é convidado a atingir. Julgo que o contraste com sua afirmação é esclarecedor.
Caro CAA, a ICAR, como espaço de comunhão dos Homens com o seu Deus, apesar da forte componente transcendental que comporta nos mais variados artefactos da sua cultura, é um espaço de contínuo diálogo e participação. Esta abertura a leigos, crentes, não crentes, não baptizados, ateus, e a crentes de diferentes religiões, enforma uma dimensão de peregrinação, com inércia (natural, inevitável, e porventura desejável), é bom de ver, mas própria de uma instituição em movimento e modernização. Por muito que alguns discordem, a ICAR não é uma organização de venda nos olhos e espada apontada ao pescoço, é uma comunhão de pessoas, que diáriamente questiona as suas convicções e a verdade da sua existência, tão simplesmente pela exigência que colocam a si próprias.
Caro CAA: Três palavras - Karol Józef Wojtyła.
Ou não!?
Caro CAA, não confunda vertigem de imposição de comportamentos com defesa de valores, e muito menos com o dever de todo o católico participar de forma activa e esclarecida na construção da sociedade. Sem impôr os seus pontos de vista, ao mesmo tempo que os não pode ignorar enquanto matriz orientadora da sua acção. E o argumento do poderio estatal como facilitador da tarefa da igreja não esbarra com o número de sacerdotes perseguidos e assassinados na ex-união soviética, ou com isto:
Esbarra não esbarra!?
Caro CAA, percebo que não seja católico, até era capaz de aceitar que sendo crente, se sentisse, como tantos outros, momentâneamente afastado da igreja e desiludido com as falhas dos homens que a compõe.
O que me parece inaceitável, em toda a sua exposição, é a tentativa de menorização intelectual de milhões de fiéis que, acredite ou não, vivem uma intensa relação com Deus, em comunhão com a igreja. Aceitaram o mais exigente dos desafios - Ser exemplo vivo da mensagem de Jesus Cristo.
E isso, caro CAA, não estando ao alcance de todos, não justifica uma predisposição visceral para com os que se aventuram num caminho difícil, tantas vezes assaltados por dúvidas, carregados de falhas e desvios ao caminho - mas que ensinam tantas vezes pelo exemplo: A infelicidade não está no facto de falharmos ou caírmos, está em virarmos costas à Fé que nos dá força para levantar.
Estimo-lhe um rápido restabelecimento das agruras estomacais por que foi tomado.
-MB-
1 Comments:
GRANDE post Miguel.
FA
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