ASSIM SENDO
Os nossos empresários do sector têm de afirmar a sua ambição, não basta, hoje, manter actividades no cluster, as empresas portuguesas têm de ser capazes de se afirmar nas cadeias logísticas globais das grandes empresas do sector - e isso, mais uma vez, só se consegue com uma força de trabalho qualificada e flexível, e com a aposta na inovação.
Há bem pouco tempo, o Prof. Daniel Bessa, defendia e bem, que o défice da balança comercial era mais difícil de combater do que o défice público, e argumentava que "a única forma de resolver o problema é as empresas nacionais centrarem-se na produção de bens transaccionáveis para exportação, deixando de dirigir os seus investimentos para o mercado interno."
A todas estas notas acresce uma outra, orientada às importações - o preço do petróleo. Não bastasse a aparente crescente depêndencia do exterior em produtos agrícolas, alimentares e químicos, os máximos históricos do preço do petróleo vêm contribuir ainda mais para o afundar deste desequilíbrio. A indústria transportadora já veio chorar custos de exploração na ordem dos 30% devido aos combustíveis. Sem razão, a meu ver. Perderam durante anos a oportunidade de modernizar frotas e apostar nas eficiências ecológica, energética e operacional. Os privados em particular vivem há décadas ancorados no estado. Não se podem queixar deste. Apenas de si próprios, da sua incapacidade de visão, antecipação e aposta.
Os números do desemprego teimam em não retroceder. A este respeito, no entanto, gostaria de questionar a dimensão destes números, confrontando-os com as repetidas notícias de dificuldades em recrutar junto dos centros de emprego. Será aceitável, assistir vezes sem conta a empresários afirmar que se encerram linhas de produção uma vez que as pessoas preferem o subsidio de desemprego a uma situação de emprego, comparativamente, menos favorável? Uma fiscalização mais apertada destas situações, poderá não reduzir o problema a uma dimensão menos preocupante, mas restaura a confiança e a justiça no sistema. O que já não é mau. Mesmo nada mau.
Assim sendo: ainda bem que estamos na silly season, e o país a banhos, sem querer saber de mais nada. Caso contrário, dado o panorama, ainda alguém tinha a peregrina ideia de pedir ao governo ajudas, subsídios e medidas perante a situação. Aí sim, estariamos defenitivamente perdidos. Agora, assim, ainda podemos ter a esperança de que quem pode de facto fazer alguma coisa, o faça - os empresários, os homens e as mulheres de Portugal. Todos. Sem o Estado a incomodar. De preferência.
-MB-
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