quarta-feira, agosto 10, 2005

E NO ENTRETANTO...

Meu Caro GLX:
Agora é que conseguimos fazer a vigilância cair da cadeira! Se não me engano, isto vai ser o bom e o bonito!
Concordo contigo quando referes a sensação de insegurança gerada pela total ausência de respeito pela propriedade privada, pelo próximo e pelo fruto do seu legítimo esforço. Diria que não há uma falta de respeito pela autoridade, pelo simples facto de não haver um conceito de autoridade.
Importa no entanto registar, que a manutenção da ordem pública e o respeito pelo "alheio", verificados outrora, eram fruto de um estado autoritário e não da ausência dos motivos subjacentes, ainda hoje (infelizmente) existentes que estão na origem da bandalheira e selvagaria a que diariamente assistimos.
Ainda assim, não deixa de ser interessante verificar que os que se lamentam com o “ainda diziam mal do Salazar; no tempo dele havia respeito” e o clássico - “e a polícia nem passa aqui; ninguém olha por nós” são os mais fracos, os mais desprotegidos - idosos, mulheres, crianças, em regra pertencentes a uma classe média baixa (a muito baixa) e urbana. São os "esquecidos" de um regime surgido após uma revolução feita em seu nome. Irónico, no mínimo.
Não sou, e tu certamente também não, um militante do saudosismo serôdio que ainda se vai encontrando por aí. Mas não deixo de ficar preplexo com o que se passou no entretanto.
No entretanto, quiseram transformar Portugal na Cuba da Europa, perseguiram e destruiram um patrimonio cultural e económico capaz de, em Democracia, dar um rumo de sucesso ao país. Devastaram a reserva intelectual do país - a Universidade, subverteram os seus processos, afastaram-na da sua missão, e impuseram os seus caprichos. Acabaram logo aí com qualquer ideia de responsabilidade, de ética, de autoridade. Assim se enterra uma ideia de Nação.
No entretanto, estralhaçaram o país com uma descolonização atabalhoada, propícia a que alguns amealhassem verdadeiras fortunas à custa de gerações de portugueses, e condenando milhares de inocentes a mais de 30 anos de guerras pós-coloniais.
No entretanto, fez-se a aprovou-se uma constituição que condena, como é hoje bom de ver, o país a um estado de letargia e incapacidade de reacção perante os desafios e oportunidades com que é confrontado.
No entretanto, engordou-se um estado que sofre hoje de uma obesidade mórbida, impedindo-o de cumprir com eficiência os seus (discutíveis) deveres.
No entretanto, o país foi vivendo na ilusão de uma esmola vinda de Bruscelas e que não acaba, abdicando de tomar as medidas necessárias para se posicionar de forma a vencer os obstáculos vindouros.
No entretanto, passados 30 anos, preparam-se para nos impingir outra vez com a personagem que personifica toda uma geração que hipotecou o nosso futuro.
Espero bem, que no entretanto, o país saiba reconhecer que o Dr. Soares não tem mais nada de positivo a acrescentar ao nosso futuro colectivo.
Pronto! Aqui temos o caldo definitivamente entornado!
-MB-

1 Comments:

Blogger E depois do adeus... said...

Caramba! Estava a ver que não dizias nada!Até que enfim!Evidentemente que não sou um saudosista da "outra senhora" mas de facto há coisas que nos confirmam como tudo tem sido MAL feito. Abraços e aguardemos a investida da "vigilante".
GLX

2:18 da tarde  

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