quarta-feira, agosto 10, 2005

MEMÓRIAS DA SEGURANÇA

Esta manhã, como qualquer outra manhã, fui à padaria da esquina buscar o pão para a família. Saí de casa e deparei-me com a tragédia! O café do prédio tinha sido assaltado e, dono e empregados, lamentavam-se dos prejuízos. Bastante calmos, tendo em conta o sucedido (foi a terceira vez em dois meses) estavam no entanto obviamente desanimados: os “amigos do alheio” (acho que só eu e o Diário de Coimbra é que ainda usamos esta expressão) deveriam ser os jovens adolescentes de sempre à procura de trocos para vícios urbanos (levaram também "tabaco e café").
Mas, curiosa era a reacção de outros vizinhos que por ali andavam a espreitar. Amedrontados com a onda de assaltos só lhes entendi duas frases: “ainda diziam mal do Salazar; no tempo dele havia respeito” e o clássico - “e a polícia nem passa aqui; ninguém olha por nós”.
Antes que caiam em cima de mim a chamar-me nomes, quero dizer que apenas quero partilhar esta triste realidade: as pessoas sentem-se ameaçadas, sobretudo as mais idosas, que são à partida as com menos possibilidades de se defenderem.
Em função deste medo as pessoas lembram-se de quem, aparentemente, mantinha a ordem pública e os costumes. E as fazia sentirem-se protegidas.
Bem sei que os tempos são outros mas a comparação é inevitável: hoje não há respeito por nada e ninguém respeita ninguém, muito menos uma autoridade. Dantes, com todos os condicionalismos que sei que existiam (está bem, eu digo para evitar maçadas: censura, pide, etc, etc) havia mais respeito e havia mais segurança. E esta malta não andava na rua a desrespeitar toda a gente que passava. Havia mais respeito.
E outra diferença é que, quando havia um assalto, ninguém se lembrava de invocar o "tempo do Sidónio Pais"…

-GLX-