sexta-feira, julho 29, 2005

PROGRESSÕES DE INSULTO

Nunca foi especialmente dotado para abstracções matemáticas. A grande custo fiz o Liceu com aproveitamento e qualidade suficiente para me permitirem suportar as sevícias das Matemáticas ensinadas em Engenharia.
Lembro desses tempos o capítulo dedicado ao estudo das progressões que com esforço e muita prática (em Matemática é sempre assim) lá consegui compreender e dominar:
Progressões Aritméticas (termo geral): an = a1 + (n – 1) . r;
Progressões Geométricas (termo geral): an = a1 . q^(n-1); (^ lê-se - elevado a)
Lamentávelmente, há um conceito de Progressão que nunca consegui entender, é ele:
Progressão Automática (termo geral): sou Funcionário Público, tenha ou não feito por isso, venham de lá mais umas massas ao fim do mês, sem avaliações de desempenho, ou outro tipo de incómodos.
Este tipo de progressões é particularmente dificíl de entender por todos aqueles que, como eu, têm de dar «o coiro» todos os dias, lutando para ser os melhores num mundo cada vez mais competitivo; de esperar tempos indefinidos por uma progressão/promoção/aumento, sendo sugeitos a avaliações de desempenho de elevada exigência, e apresentando produtividades incomparávelmente superiores às produtividades manifestadas pelos que progridem automáticamente.
Eu não o entendo, acho-o injusto porque os serviços que nos prestam não me merecem qualquer apreciação positiva. Por isso não acho que devam ser congelados. Defendo a sua extinção pura e simples.
Assim, quando ontem se manifestaram na Assembleia da República, à margem da lei e proferindo um sem número de impropérios, os funcionários públicos não insultaram os deputados ou o governo.
Os verdadeiramente insultados fomos nós - os que têm de ir à guerra e merecer o sucesso. Bem sei que é este o sal e a pimenta da vida, mas mesmo assim não deixam de me incomodar estas progressões de insulto.
-MB-