quinta-feira, junho 23, 2005

AND NOW FOR SOMETHING COMPLETELY DIFFERENT!

Pedem-me para comentar as frases do Dr. Sampaio sobre a posição da banca face ao investimento em projectos inovadores (logo, de risco, quando se fala de investimento).
Confesso que tenho dificuldade em fazê-lo até porque o assunto já não é actual (já toda a gente falou do tema).
Deixo no entanto algumas notas.
O Presidente está em fim de mandato e acha por bem, em período de defeso, mandar uns foguetes para acordar a malta. O estilo é copiado (ver últimos meses do mandato do Dr Soares) e até poderia ter alguns méritos, não fosse alguma superficialidade com que as coisas são feitas.
Dizer que a banca não apoia projectos de risco é redutor e por vezes injusto. Dizer: “que pena não precisar de comprar carro pois agora é tão fácil” é infeliz com a agravante de ofender quem realmente não pode comprar carro, não importa de que tipo de “embuste” estejamos a falar…
Finalmente, fazer esta comparação não é intelectualmente correcto. O capital de risco é uma coisa muito séria (aliás, como o crédito automóvel) e envolve outro tipo de interpretações que não passam necessariamente pelo simples facto da banca investir financeiramente num projecto inovador.
O que para mim é mais grave e estrutural é que para o Dr. Sampaio, projectos inovadores são aqueles que envolvem empresas ligadas às TIC’s (Tecnologias de Informação e Comunicação, para os leitores mais distraídos). Para o Dr. Sampaio e demais pessoas de responsabilidade, os projectos inovadores são aqueles que, e para caricaturar a coisa, envolvem meia dúzia de chips e pc’s e trazem um enorme sucesso comercial intra e além fronteiras. Ora, eu não digo que estes projectos não são bons. O que eu digo é que o Presidente só visita este tipo de empresas e ninguém é capaz de lhe dizer que arranjar novos processos na área da tinturaria e confecção (sim, ligados ao têxtil…) também é inovação; projectos ligados ao ambiente também são inovação (às vezes também se utilizam computadores…) and so on and so on.
O Presidente devia era falar de instituições (essas sim) vocacionadas para o Capital de Risco, como a API e indagar sobre o que tem sido feito ou ainda vai ser feito nesta área.
Não pode é cuspir para o ar e não esperar que a coisa lhe caia em cima.

-GLX-

ps: para as discussões sobre o partido, apenas deixo o fim do poema Liberdade do Pessoa.

...Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que istoÉ Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...