UM ANO DEPOIS, O QUE MUDOU?
Também não sei bem o que é essa coisa da refundação da direita. Temo que seja um apelo desesperado daqueles que não se conseguem rever em nenhum dos partidos que, supostamente, a representam. Uma coisa lhes asseguro: não é certamente através do PSD que se funda ou refunda o que quer que seja. De resto, está visto que o PSD não é verdeiramente um partido de direita, é antes um partido de poder, cujo discurso programático assume os matizes que convêm a cada ciclo eleitoral. Se a coisa é bem planeada, lá temos governo, se bem que da última vez bem se viu que foi preciso vir bater a outras portas.
É verdade que o resultado do último Congresso do CDS não foi muito animador para os que, como eu, tinham a esperança de o ver assumir-se descomplexadamente como um partido que vê na organização da economia o principal factor de criação de riqueza, que defende os empresários, a concorrência, a classe média e a estruturação de um sistema de ensino que dote os cidadãos dos instrumentos necessários à sua afirmação. Mas não vejo no PSD, e muito menos neste PSD, a capacidade para propor ao país este nosso projecto, que é humanista porque se preocupa com as pessoas e com a sua individualidade, que é tolerante porque não assenta em visões totalitárias da sociedade, que é abrangente porque radica na inalienável liberdade de cada ser humano e que é coerente porque é presidido, construído e conduzido por fundamentos axiológicos bem definidos.
Ora a ressaca do Congresso tem mostrado que, mais do que pessoas, o que lá se venceu foi uma corrente liberal cuja importância e dimensão se revelaram precisamente na derrota. E isso, se quisermos ler bem as coisas, é muito mais positivo do que parece. É que, justamente, esta é a oportunidade da linha vencida se organizar, se estruturar, encontrar um líder e ocupar o seu espaço. E, acredite-se ou não, para quem conhece o CDS há tantos anos, perecebe-se que nunca como agora essa oportunidade surgiu de forma tão promissora.-FCP-
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