AUTÁRQUICAS 2005 - CUSTO DE OPORTUNIDADE
A força das imagens apresentadas nos dois posts anteriores, obrigam a abordar rapidamente o conceito de custo de oportunidade e, à luz deste, comentar a oportunidade de algumas estratégias e opções.
Assim, custo de oportunidade, é o termo usado na economia para indicar o custo de algo em termos de uma oportunidade renunciada.
Por exemplo: se um partido decide espalhar por todo o país cartazes com a imagem do seu líder (que não é candidato a nada) e uma alteração do seu símbolo (que dificulta a identificação com o partido), numa campanha para eleições locais, o custo de oportunidade é representado pela renúncia a colocar em cada cidade cartazes das pessoas efectivamente candidatas.
Como os recursos são escassos as opções de investimento ou de alocação desses recursos ganham importância capital. Pasme-se, no entanto, ao verificar a proximidade do valor global investido pelo PS e pelo CDS nesta campanha. O valor global, para quem conhece a realidade do CDS, pode ser lido como tudo, menos escasso. Ainda assim, é um valor finito e como tal sujeito à regra do custo de oportunidade.
Importa reflectir porque razão foi preciso chamar este senhor, para regularizar uma quantia grosso modo equivalente a 0,1% do valor global do investimento, e qual o custo de oportunidade criado ao não apostar num investimento que sempre trouxe créditos eleitorais ao CDS? Neste caso o custo é naturalmente medido a nível externo e interno sendo as suas consequências internas, de momento, imprevisiveis, uma vez que as externas, como é bom de ver, foram desastrosas.
A crueza dos números, torna qualquer discurso de vitória num patético esforço, de ilusionista em fim de carreira.
Não nos iludamos, passados estes dias onde festejamos vitórias assertivas como a da Câmara do Porto, importa reflectir sobre que rumo é este que está a ser dado ao partido. Por onde segue o CDS? Onde pode levar esta estratégia? Qual o custo de oportunidade pelas opções e estratégias assumidas neste momento?
As opções são apenas de alguns. O custo, esse, afectará a todos.
-MB-
2 Comments:
Caro Poeta:
Não temos por habito cá em casa responder a comentários anónimos, ou assinados sob pseudónimo.
Terei o maior gosto, em poder debater este assunto consigo e poder aprender o significado do toda essa nomenclatura "fancy", business plan, branding, long term strategy, etc.
Lamento só o poder fazer quando o meu caro amigo tiver a lisura de assinar os seus comentários com o nome próprio.
Peço-lhe o favor de comprender esta minha atitude, e de não levar a mal que, alguém que dá a cara e assina com o nome próprio as suas postas, teime em debater apenas com quem o entende honrar com a mesma frontalidade.
Cumprimentos,
-MB-
Começo por dizer que assisti com um sorriso a esta troca de opiniões. Não é todos os dias que se usam termos económicos em política até porque a maioria são advogados e por isso de economia percebem muito pouco. Agrada-me mas penso desadequado. Uma campanha mede-se em termos de imagem, marketing político e estratégias. É evidente que depois de uma liderança de sete anos de um grande líder com o carisma do dr. Paulo Portas é importante marcar uma diferença e promover um líder. Não vamos esconder as coisas, temos um líder credivel, com capacidade e com um projecto e temos de o apresentar ao país.
Ao contrário do que se diz muito a estratégia para estas eleições tem muito de antigo. Um exemplo disso é Lisboa onde as juntas tiveram os mesmos de sempre na corrida pelos votos. Houve uma diferença, uma estrutura de coordenação de campanha que na minha opinião acabou por não funcionar na perfeição na coordenação com a JP e com a Concelhia. Falta de experiencia? muita gente a querer fazer a mesma coisa? hábitos antigos? enfim, existem inumeras possibilidades mas o que certo é que algumas coisas não correram na perfeição.
Olhando para o que interessa, que são os resultados, estes mostram-nos algumas coisas interessantes. Primeiro eles não são claramente o melhor cenário, todos nós gostariamos de ter ganho Albergaria ou Vagos, existiam esperanças no Bombarral ou em Sátão, mas o que falhou? será que algo falhou?
A campanha do dr. Paulo Portas baseava-se muito na imagem, no mediático e o partido apoiava para que isso fosse possivel. Digam o que disserem as estruturas esta campanha, na maioria dos locais foi despida, de gente e de emoção e mediatismo. Baseou-se numa mensagem credivel e séria, uma mensagem dos nossos valores e dos nossos candidatos. Alguns resultados foram positivos e não podemos ignorar o facto de hoje estarmos em mais câmaras e termos mais eleitos pq nas autarquias é de eleitos que o campeonato se trata.
Um factor externo condicionou (e muito) o nosso resultado. A subida do PSD foi angustiante para nós. Foi tanta a necessidade das pessoas de penalizarem o PS que votaram em massa no PSD que representava a opção de poder. Este deve ser um dos nossos objectivos, fixarmo-nos como opção de poder, como uma alternativa real e concreta que exista e que mostre pessoas e projectos de governação. Temos um líder que não enche praças mas não fica intelectualmente atrás de nenhum outro e com uma capacidade de trabalho notavel, não podemos perder esse capital.
Por outro lado é dificil traçar uma estratégia de sucesso quando não remamos todos para o mesmo lado e digam o que disserem só os hipocritas podem dizer o contrário. O partido não se uniu e o resultado viu-se. Não sou daqueles que acredita que só se deve discutir ideias nos congressos isso seria hipotecar a nossa liberdade de expressão e de pensamentos por dois anos mas devemos falar nos locais e foruns proprios e para fora falarmos a uma só voz ou então calarmo-nos. Acho que a disciplina partidária uma ideia desnecessária num grupo de adultos com responsabilidade e inteligência mas se calhar é necessário impor alguma disciplina (e já agora nalguns casos educação) no nosso partido.
Assim, e em resumo, concordo que o resultado não foi aquele que todos aqueles que vivem verdadeiramente o CDS gostariam, no entanto tb não foi tão mau como todos aqueles militantes do CDS que apenas gostam do partido pelos cargos que este lhes dá (ou deu e querem de volta). Há que de uma vez por todas fecharmos as feridas e trabalharmos de forma séria e estruturada por um CDS maior, fundamental a Portugal e à direita.
Bruno Filipe Costa
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