quinta-feira, julho 07, 2005

FREEDOM SHALL PREVAIL

Longe da blogosfera, constato, à hora de almoço, que o mundo livre voltou a ser sacudido por uma onda de violência cuja dimensão era ainda desconhecida.
O alvo é Londres. Um dia depois da euforia da vitória no COI, no dia em que a pobreza do 3º mundo é discutida pelo G8.
Dou conta do contraste. Percebo o paradoxo.
Interrogo-me sobre o que pode justificar tamanha atrocidade. Pergunto-me em que espécie de mundo vivo. Não tenho resposta. Não percebo o que pode levar um ser humano, seja a pretexto de uma suposta vingança ou de uma obscura tentativa de domínio civilizacional, a eliminar o seu próximo desta forma fria e cruel. Próximo que ele desconhece. Desconhece a sua etnia, convicção política ou crença religiosa. Desconhece o seu modo de vida, o número de filhos ou as dificuldades com que vive. Desconhece o seu rosto. Mas sabe o mais importante: sabe que se trata de uma vida, cuja morte ele transforma em medalha.
Enquanto tento compreender as contradições da natureza humana, e assisto, impotente, ao olhar aterrorizado dos londrinos, lembro-me do Fernando Albino. Nesse instante, a sua voz familiar tranquiliza o meu coração - em directo, oiço-o na SIC Notícias a relatar a tragédia na primeira pessoa. Retenho o mais importante da sua mensagem: mesmo com as feridas da tragédia, a corajosa Londres regressará em breve à normalidade porque ninguém está disposto a abdicar da sua liberdade.
Resta saber de quantas mais vidas teremos de abdicar - no "mundo ocidental" e nos outros - para a preservar.
-FCP-